terça-feira, 2 de setembro de 2008

Nordeste - Trecho Fortaleza/Natal












Saí de Fortaleza neste dia 01 de setembro às 9 horas da manhã e cheguei a Natal às 18:30 horas. Dois motivos levaram-me a optar pela viagem durante o dia. A primeira foi por segurança. Temo viajar a noite nestes lugares, e as pessoas daqui realmente confirmaram que minhas suspeitas são reais e que devo ser precavido mesmo. A segunda foi para poder apreciar a paisagem, tão distinta da nossa.

Ao longo do caminho pude apreciar tanta coisa!... o relevo é planíssimo, algumas formações mais elevadas aparecem raramente, como o pico do Cabogi, em Lajes - RN, considerado o único pico de formação vulcânica no Brasil. Ele realmente desponta no meio do nada... é muito bonito.

No Ceará pude ver o rio Jaguaribe, o maior rio perene do mundo, e que desta vez estava com sua vasão total, um grande espetáculo para um povo tão sofrido da caatinga. Falando nesta, a paisagem de caatinga é incrível. Embora estivesse verde por causa das últimas chuvas, pudemos perceber a fragilidade da vegetação. Não chegam a ser árvores, mas arbutos, bastantes esparços, frágeis, brotando daquele terreno visivelmente arenoso e salinizado.

Em meio a esta paisagem inóspita, durante algumas horas ao longo da BR-116 ao deixar Fortaleza pudemos avistar fazendas imensas de plantação de caju... uma maravilha... os cajueiros dominam a cena. É uma árvore um tanto esquesita, ela é enorme, porém a tua copa é muito maior que a sua altura, dando-nos a impressão que o tronco não suportará o peso... Mas elas estão lá, parecendo baianas numa escola de samba.... redondas e felizes....

Fiquei louco para ver o mandacaru, esperei horas até avistar uma floresta deles na região de Angicos, no Rio Grande do Norte... mas minha alegria durou pouco... um passageiro me disse que aquilo que fotografei é também um tipo de cactus da caatinga, mas não era o mandacaru... Este possui espinhos enormes e são encontrados mais ainda no interior, no sertão mais árido...

Em Mossoró vi os campos de sal, um cheiro forte exalava.... nunca havia sentido algo parecido... Ainda no Ceará pude ver também grandes poços de criação de camarão em cativeiro. Magnífico!

O ônibus no qual viajei era semi leito com ar-condicionado, mas após duas horas de viagem o ar quebrou. Estávamos em Aracati, onde fica Canoa Quebrada. Viajamos ainda uma hora com ele assim. Em Mossoró trocamos de veículo. Valeu a pena, o segundo era muito mais novo e confortável.

Um fato curioso aconteceu no ônibus. Um garoto de 18 anos viajava do meu lado, muito simples e humilde. Estava indo a Natal pela primeira vez para encontrar com a mãe que o ambandonara quando criança. Ela a redescobriu por um acaso, ele reconheceu nas ruas de Fortaleza uma mulher que havia sido vizinha deles e esta mulher lhe deu o número da mãe em Natal. A irmã mais velha mora com a mãe e ele com o pai. Quando ele disse ao pai que descobrira a mãe, ele não gostou e pediu ao filho para não ir vê-la. Mas ao ir para o trabalho o garoto pensou: "ou vou para o trabalho ou vou para Natal". Segundo ele, ligou para mãe e para a irmã, e comprou a passagem para Natal. Na rodoviária de Natal foi emocionante ver o reencontro depois de tanto tempo e o mais impressionante é ver como o ser humano sente falta da mãe, mesmo que esta o tenha abandonado.

2 comentários:

Unknown disse...

Wilton parece que estou lendo um livro. heheeh Continuo adorando a viagem e o blog.

Bj...
Camila

Busca disse...

Nossa... que emocionante!! tb estou adorando sua viagem!! :)